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O Clubismo e a Seleção

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Reprodução: Rafael Ribeiro/CBF

Por: Charline Messa

“Não vejo a hora do Endrick sair do Palmeiras pra poder começar a torcer por ele na Seleção”.

Talvez você já tenha se deparado com uma frase desse tipo em alguma rede social. Eu já. E ela me fez refletir um pouco sobre como o clubismo pode estar afastando os torcedores da Seleção Brasileira.

Por muito tempo ouvimos debates esportivos na TV, no rádio e na internet sobre como o torcedor se sentia distante e o que poderia ser feito para resgatar o orgulho e a admiração dos brasileiros pela nossa Seleção. Alguns dos motivos apontados foram os escândalos de corrupção que assombram a nossa entidade máxima do futebol, a polarização política, a falta de mais partidas em solo brasileiro, as paralizações (ou não) dos campeonatos durante as Datas FIFA, e a falta de identificação do ‘torcedor comum’ – aquele que acompanha apenas futebol nacional – com as principais estrelas do time. E é nesse último ponto que eu quero focar.

Após a saída do técnico Tite ao final da Copa do Mundo de 2022, a Seleção Brasileira teve 3 técnicos: Ramon Menezes, Fernando Diniz e Dorival Júnior. Todos eles, em suas convocações, decidiram prestigiar uma parcela de jogadores que atuavam no futebol brasileiro e estavam em um bom momento esportivamente. E como reagiu boa parte da torcida? Não muito bem.

Aquela idéia de que não damos apoio à nossa Seleção porque os principais jogadores estão na Europa e a grande massa não acompanha os campeonatos europeus, ou porque muitos jogadores foram muito cedo jogar fora do país e mal tiveram tempo para criar algum vínculo com os torcedores, rapidamente foi substituída pelo famoso clubismo. Excluindo opiniões válidas e comparações entre a qualidade individual de jogadores que atuam no país e a dos que atuam em outros centros, o que se viu foi um desfile de críticas infundadas e a recusa em apoiar ou torcer pelo bom desempenho de um jogador apenas por atuar em um clube rival.

Mas afinal, o que querem os torcedores? E ao final de uma Copa do Mundo, o que é mais importante: comemorar mais uma estrela na camisa ou contar quantos jogadores rivais fizeram parte da campanha vitoriosa? Lembrando que no elenco da Copa de 2002, entre outros, estavam Marcos (ídolo do Palmeiras), Kaká (ídolo do SPFC) e Vampeta (ídolo do SCCP). Alguém ficou menos feliz com a conquista do Pentacampeonato por causa disso?

Descansa, torcedor! Se você quer ver o Brasil ganhando uma Copa – novamente ou pela primeira vez – você pode sim torcer pelo Endrick ou pelo bom desempenho de qualquer jogador, e isso não vai te tornar menos fanático pelo seu clube do coração.

Charline Messa é fotógrafa, palmeirense desde que o verde é verde e devota de um único santo: São Marcos de Palestra Itália.

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