Autora: Charline Messa
Reprodução: Site oficial do Palmeiras
Desde a partida contra o Novorizontino no Allianz Parque no dia 20/03, a Sociedade Esportiva Palmeiras encabeça uma campanha especial contra o ódio. Batizada de #SomosSociedade (uma clara referência ao nome do clube), a iniciativa visa o combate a qualquer forma de ódio, violência e discriminação, chamando a atenção para alguns casos recentes envolvendo clubes e personagens do futebol brasileiro, como o ataque ao ônibus do Fortaleza, a xenofobia contra o técnico Abel Ferreira, o racismo contra o pai de Endrick, os casos de estupro envolvendo os jogadores Robinho e Daniel Alves, entre outros. Essa campanha é extremamente importante, bem-vinda e essencial, mas será que pedir basta, basta? Relembro aqui mais alguns casos recentes de ódio e violência no futebol.
- Em Janeiro de 2022, durante a semi-final da Copinha, alguns membros da torcida do SPFC invadiram o gramado, tentaram agredir os jogadores do Palmeiras e uma faca foi encontrada dentro de campo. Uma falha gravíssima de segurança que poderia ter resultado em uma tragédia.
- Em Junho de 2023, durante a partida entre SCCP e Cuiabá em Itaquera, o jogador Deyverson foi atingido no pescoço por um cortador de unhas arremessado por um torcedor do clube mandante. Nenhuma punição, apenas elogios de um comentarista da grande mídia ao fotógrafo que registrou o exato momento da agressão.
- Em Julho de 2023, a torcedora do Palmeiras Gabriela Anelli morreu depois de ser atingida por estilhaços de uma garrafa de vidro arremessada por torcedores do CRF. Uma vida ceifada e uma tragédia relativizada por alguns membros da mídia.
- Em Fevereiro de 2024, um torcedor do SPFC arremessou uma garrafa no ônibus que transportava membros da delegação do Palmeiras em Belo Horizonte. Por sorte ninguém se feriu, mas mais uma vez falhas de segurança e a certeza da impunidade que poderiam ter resultado em algo mais grave.
Além desses, assistimos com frequência a diversas outras notícias de brigas entre torcidas, muitas vezes resultando em pessoas mortas ou feridas. Já se tornou tão comum que parece nem nos chocar mais. O que também parece não chocar mais são as inúmeras declarações de ódio e preconceito encontradas nas redes sociais. Está cada vez mais comum chamar torcedores do Palmeiras – inclusive CRIANÇAS – de fascistas e nazistas como se isso fizesse parte da ‘rivalidade’, da ‘provocação’ ou do ‘papo de boteco’. A banalização desses termos não pode continuar! É crime e é preciso alertar e dar um basta antes que essas palavras acabem traduzidas em mais ódio e mais violência nas ruas.
Em um país tão complexo e com tantos problemas de educação e segurança, trabalhar duro e honestamente, ter sucesso e colher bons frutos é se tornar uma vidraça, pronta pra receber as pedras que inevitavelmente virão. No futebol, essa vidraça deveria ser sinônimo de vitrine, algo que você admira, deseja e luta pra conquistar, e as pedras deveriam ser usadas apenas pra construir o caminho do sucesso. E o palmeirense sabe demais o significado de tudo isso. Somos Sociedade. Sejamos exemplo.
Charline Messa é fotógrafa, palmeirense desde que o verde é verde e devota de um único santo: São Marcos de Palestra Itália.